domingo, 19 de julho de 2009

Bom final de semana..

Hoje deixo aqui mais uma estória ,não de lebres ,mas uma de entre tantas e tantas outras .Eram Estórias contadas á lareira, pelo meu pai, ás filhas, seis meninas hoje mulheres, claro.Só mais tarde viria a concretizar-se um desejo do pai, a vinda de um rapaz..Sétimo e último filho, o meu irmão João que já não está entre nós..Com o pai aprendi a gostar da arte de caçar, sendo a única das filhas que atirava por vezes em exercicío de brincadeira em que o pai iniciava os mais afoitos, tal como o pai tinha boa pontaria. O pai foi seguramente o caçador mais temido por coelhos e guardas florestais da região..Cumpre-me dizer que somos do Alentejo, e conto-vos aqui em primeira mão uma história que se repetia muitas vezes e em que o pai era actor principal..Havia na Herdade do Pedrogão, pertença do ganadero António José da Veiga Teixeira, havia dizia eu, um guarda florestal (Ramos de seu nome)que treinou a Égua em que se fazia deslocar pelo latifúndio a correr ao som dos tiros dos caçadores. Aí o Pai, combinava com o Bartolomeu Cornacho, Com o professor Gabriel, e outros amigos cujos nomes não me recordo agora.. O pai levava bigodes e patilhas que eu á noite fazia em feltro preto e o pai de manhã colava para se disfarçar, e com os amigos distribuídos estratégicamente em lugares que eles conheciam..Assim quando o dito Srº Ramos se aproximava do lugar onde o pai estava, do outro lado da herdade um dos amigos atirava e a égua virava a garupa e deslocava-se a galope na direcção de onde ouvira o tiro.. Ai o pai e os outros dois podiam caçar em paz durante algum tempo.O tempo suficiente para a égua chegar próximo do que havia atirado, então outro atirava e lá segui a égua, esfalfada na direcção contrária.. Divertiam-se e divertia- mo-nos saber que o pai e companheiros trocavam as voltas ao referido guarda florestal. As caçadas eram abundantes.. Depois era a tarefa de tirar a pele aos coelhos, eu adorava desempenhar essas tarefa, perna do coelhinho num prego e a pele saia inteira como uma roupa, também gostava de arranjar os peixes do rio ou barragem que o pai pescava.E desde o achegã ás enguias, barbos, carpas,pampos , Nem as lampreias escapavam em anos de cheia em que as águas subiam mais, permitindo que as lampreias se deslocassem para aquelas bandas.. Com o pai ganhei gosto por encher cartuchos, por as buchas e fazer o rebordo na máquina que tinha de ser bem apertada de forma a que o cartucho ficasse perfeito..Privilégio ser filha daquele homem maravilhosos, que até pescava rebuçados enqunto nós as filhas brincávamos na areia.. Tenho tudo escrito, tenciono publicar assim o consiga.. Quando eu for grande quero ter uma arma como a do pai.Quero calcorrear os campos, ver os bandos de perdizes que por vezes persigo fazendo do meu pobre carro um todo o terreno, isto só para ter o prazer de as ver, sós ou acompanhadas dos filhotes.Ver as lebres que dormem de olhos abertos, atirar uma pequena pedra e vê-las ficar em sentido, atirar uma com mais força e vê-las ficar em pé, orelhas espetadas, ai atiro a pedra pra mais próximo delas de forma a poder ver a beleza da sua corrida em campo aberto. Falar do meu pai é voltar á infância e é seguramente falar da pessoa mais generosa, mais sensível e mais inteligente que passou pela minha vida e pela de quantos tiveram o privilégio de privar com ele.
Perdão pai, por aqui as coisas não andam famosas. Descansa em paz e espera por mim que preciso do teu abraço.
A todos os que me lerem mesmo sendo poucos, deixo um abraço e o desejo de um bom final de semana..

Vender gato por lebre!

Espero não ser acusada daquela coisa que os famosos por vezes são!
É só uma pequena história que já saiu nos livros do
Saramago, e que na minha terra todas as pessoas conhecem!
Estórias que o meu pai contava ao serão, ou quando em noites frias
ficava á lareira com os amigos..
Estórias com História, a da curiosidade das lebres e a forma de as caçar.
Há várias formas de matar pulgas, diz-se, eu acrescento que também há várias formas de matar lebres no Alentejo..
Verdade verdadinha, posso jurar, testemunhei e segundo o maior contador de
estórias, que era o meu pai. Homem sereno,inteligente como poucos, homem de paz e amor e não o homem que alguém já fez crer que resolvia os seus assuntos domésticos com violência..
Não! Perdão pai mas quem te conhecia sabe que não é verdade..
A assistência feita de amigos da vizinhança deliciavam-se a ouvir o pai.
Juntavam-se crianças e idosos e todos ficavam incrédulos com a sua (dele)
capacidade de improviso e de prender a aidiencia que éramos todos nós.
Segundo consta das estórias ouvidas e que posso certificar
um jornal do dia e um pacote de pimenta eram o quanto bastava
para uma caçada matinal.
O jornal era colocado sobre uma pedra onde estratégicamente
se espalhava o conteúdo do pacote de pimenta .
Tal como os humanos as lebres são curiosas, e de manhã quando saiam
da toca e enquanto se preparavam para tosar as ervas mais macias das
redondezas,paravam mal viam o jornal aberto!
Aproximavam-se para saber as noticias do dia curiosidade de lebre claro !
E perguntarão vocês , se é que alguém me lê ..
Qual a relação entre um jornal, um pacote de pimenta e uma boa caçada ás lebres?
É que ao apróximarem-se do jornal a fim de ler as noticias
que já nessa altura era de crise,chegava ao nariz das ditas
(entenda-se das lebres) o cheiro da pimenta, resultado:Atchim!
E enquanto espirravam batiam fortemente com a cabeça nas pedras
e caiam pró lado .
Depois era só fazer a recolha..Confirmo! é a história mais verdadeira
que alguma vez aconteceu.Bem, mais ou menos, mas não duvidem.
São estórias que fazem parte da história da minha e da vida dos
que connosco conviviam e eram muitos naturalmente.
São as estórias do meu pai, o pai mais fantástico do mundo.
Repito, homem de paz e liberdade, infelizmente
algumas sementes já são transgénicas, estão geneticamente transformadas
tal como o milho e outro produtos.Coisas dos tempos modernos
e do progresso que entre tanta coisa boa, de quando em vez nos
surpreende com coisas que julgávamos impensáveis..
Até breve! Alguém me disse se quer escrever, escreva porra!
Segui o conselho!
Não volto a dizer mal dos políticos e dos detentores do dinheiro.
Um dia explico porque..
Um abraço, Ell

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Silencio, Canta-se o Fado !

Xaile negro sobre os ombros
No pé trazia chinela
Pelas calçadas de Alfama
Uma guitarra e a voz
A cantar pelas vielas
Saia vermelha bordada
Cordão de ouro no pescoço
Blusa de chita com folhos
Mais o brilho dos seus olhos
Fica tudo em alvoroço
Em tosca mesa de pinho
Um jarro com água pé
Um vaso com sardinheiras
Na parede emoldurado
Um lenço de cachené
Fala-se disto e daquilo
Do que foi e já não é
Salta mais uma rodada
E toda a rapaziada
Bate palmas, grita olé.
Repetido em cada noite
Este ritual sagrado
Uma guitarra e a voz
Pra gáudio de todos nós
Silencio, canta-se o fado!
Publicar o que nos vai na alma nem sempre é bem entendido
Não, não sou artista, jamais ousaria tanto
Escrevo porque gosto e a gaveta não se importa
Musicalidade .Virá a ser cantado por alguém?
Boas férias , em paz e harmonia.
A letra saiu-me da alma, a foto tirei da net.
Um beijinho, Ell