Num entardecer sereno , com algumas nuvens
de um cinza rosado , pronuncio de Outono e de tudo
o que lhe está associado . Os frutos de cores terra
riquíssimos de sabor e de um colorido que convida
ao seu consumo...
É neste entardecer , á beira da linha férrea , que
ansiosa espero.
Enquanto aguardo , e até onde a minha vista alcança,
correm apressadas as pessoas..
Vindas da escola ou do emprego , rostos cansados e
tristes , como se para trás já tivessem deixado
os sonhos e as alegrias!!!
Não sorriem , não olham nos olhos uns dos outros.
Tão pouco olham para si próprios ou para a beleza da tarde
que aos poucos se faz noite..
É preocupante ver esta desatenção , este deslizar
tipo robots ,como formigas em carreiro sabido de cor.
Preocupante é também ver a desalegria que transparece
da multidão..
No saco que vai ao ombro , transportam o cansaço
e as preocupações que os impedem de sorrir.
Por fazer está o jantar! O banho dos filhos..
Está a máquina (se há máquina) para cuidar das roupas.
Para o dia seguinte urge destinar o que os filhos vestem,
a refeição para o marido e para si, e sobretudo
fazer contas, de forma a que os míseros ordenados
cheguem até ao final do mês, que ainda tarda..
Chave na porta, no correio as contas para pagar.
É a água, a electricidade , o gaz, a escola dos filhos
os seguros, a net, a prestação do carro e (ou) da casa..
Tarde tentam adormecer para recomeçar tudo
após poucas horas de descanso..
Lê-se-lhes no rosto a desesperança , em cada amanhecer...
Gostava de poder pintar em cada rosto um sorriso
Por em cada pessoa esperança num amanhã melhor..
Renovar em cada um a vontade de viver.
Que as pessoas olhassem á volta .Se olhassem.
E sobretudo sorrissem olhos nos olhos..
Vou ser sempre uma sonhadoura, não desistirei..
Não desistam também..
Bordando a teia da vida
